domingo, 30 de novembro de 2014

Febre Reumática


Critérios de JONES (JONES CRITERIA, em inglês)


Critérios maiores = JONES = J♥NES

J "joints" = Artrite
♥ = Cardite
N = Nódulos Subcutâneos
E = Eritema Marginado
S = Sydenham, Coreia

Critérios Menores

crTErIA = 

T = Temperatura (Febre)
E = Elevação de reagentes de fase aguda
I = Intervalo PR prolongado
A = Artralgia




quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Eletrocardiografia

Vetores de Ativação Ventriculares

A ativação elétrica do coração se dá:

Átrio Direito è Átrio esquerdo è Nó Atrioventricular è Septo inter ventricular è Pontas è paredes livres è porções basais das cavidades ventriculares


Vejamos. Observe a figura abaixo:


Resultante da ativação ventricular

Os vetores gerados durante o processo de ativação ventricular são seqüenciais (vetor 1 è vetor 2 è vetor 3). Observe a figura abaixo:



A primeira região do ventrículo a se ativar é o septo interventricular (lembre-se que o restante do coração estará, neste momento, em repouso, não havendo forças antagônicas), posteriormente teremos pontas e paredes livres de VE e VD, para finalmente as porções basais se despolarizarem.
Como a massa do ventrículo esquerdo é muito maior que a do VD, há uma tendência ao desaparecimento das forças ventriculares direitas

a)  Vetor 1 (ou vetor septal): representa a resultante final das forças de ativação septal (pequeno vetor mais que sempre aparece no traçado em função de não haver forças antagônicas):
o   Da esquerda para a direita;
o   Para frente;
o   Pode ser para cima ou para baixo (dependendo se o coração está horizontalizado ou verticalizado);

b) Vetor 2 de VE (SÂQRS): vetor final da ativação de pontas e paredes livres de VD e VE com nítido predomínio das forças de VE (que possui maior massa)
o   Da esquerda para a direita;
o   Para trás (VE é mais posterior em relação a VD);
o   Pode ser para cima ou para baixo (em função de horizontalização ou verticalização do coração).

c) Vetor 3 (ou vetor basal – aponta para ombro): Porções basais de septo, VD e VE (não há forças antagônicas):
o   De baixo para cima;
o   Da direita para a esquerda;
o   Para trás.

SÂQRS (resultante final da ativação ventricular) que pode ser considerado o vetor 2, que mais intenso, em termo de forças eletromotrizes, do que o vetor 1 e vetor 3.
o   Da esquerda para a direita;
o   Para trás (VE é mais posterior em relação a VD);
o   Pode ser para cima ou para baixo (em função de horizontalização ou verticalização do coração).




Soroterapia



1.      1) Necessidades básicas de um paciente hidratado

 Hídrica: 30-50 ml/Kg;
 Sódio: 1-2mEq/Kg;
 Potássio: 1-1,5mEq/Kg;
 Glicose: 100-200g

2.     2) Lembre-se:

01 Ampola de KCl (10%): cada 1ml contém 1,3 mEq de K+ (10ml – 13 mEq);
Soro fisiológico 0,9%: cada 100mL de solução aquosa contém 0,9 gramas de NaCl (0,354g de Na+ e 0,546g de Cl-);
Soro glicosado isotônico 5% (SGI5%): 100 mL de soro glicosado contém 5g de glicose;
Soro glicosado Hipertônico 10% (SGH10%): 100 mL de soro glicosado possui 10g de glicose;
Soro glicosado Hipertônico 50% (SGH50%):  ampolas de 40 ml, cada 1mL de SGH50% possui 0,5g de glicose;
Cada 1 grama de glicose fornece 3,4 calorias;

.      3) Regras práticas

1mL = 20 gotas;
1 gota = 3 microgotas;
1gota/minuto = 3 mL/h (BI);
Nºgts = volume / 3 x tempo;

Nº gts = nº de esquemas x 7 (correr em 24 horas);

4) Tabelas

1.       
Peso do paciente
38Kg
50Kg
62Kg
Glicose 10%
500 + 0     + 500
500 + 0     +  500 + 500
500 +  0     + 500 + 0     + 500
NaCl 0,9%
0     + 500 + 0
0     + 500 +  0     + 0
0     +  500 + 0     + 500 + 0
KCl10%
10   +  10  + 10
10+10+10+10
10+10+10+10+10
Velocidade de infusão
64ml/h ou 21gotas/min
85 ml/hora ou 28gotas/min
106 ml/hora ou 35gotas/min
Etapas e duração
3 etapas de 8 horas
4 etapas de 6 horas
5 etapas de 4h:48min
Aporte por dia
Hídrico: 1530
K+: 1,1mEq/Kg
Na+: 2mEq/Kg
Glicose: 100g
Calorias: 340Cal
Hídrico: 2040mL
K+: 1,1mEq/Kg
Na+: 1,5 mEq/Kg
Glicose: 150g
Calorias: 510Cal
Hídrico: 2550 mL
K+: 1,1mEq/Kg
Na+: 2,4 mEq/Kg
Glicose: 150g
Calorias: 510Cal

Peso do paciente
74Kg
87Kg
100Kg
Glicose 10%
500 + 0 +500+0+500+ 500
500 + 0 +500+ 500+0+500+ 500
500+0+500+500+0+ 500+500+0
NaCl 0,9%
0   + 500 + 0 + 500 + 0 + 0
0 +  500 + 0 + 0 + 500 + 0 + 0
0+500+0+0 + 500 + 0 + 0 + 500
KCl10%
10+10 + 10 + 10 + 10 + 10
10+10 + 10 + 10 + 10 + 10 + 10
10+10+10+10+10+10+10+10
Velocidade de infusão
128ml/h ou 43gotas/min
150 ml/hora ou 50gotas/min
170 ml/hora ou 57gotas/min
Etapas e duração
6 etapas de 4 horas
7 etapas de 3 horas e 25min
8 etapas de 3h
Aporte por dia
Hídrico: 3060 mL
K+: 1,1mEq/Kg
Na+: 2mEq/Kg
Glicose: 200g
Calorias: 680Cal
Hídrico: 3570 mL
K+: 1,1mEq/Kg
Na+: 1,7 mEq/Kg
Glicose: 250g
Calorias: 850Cal
Hídrico: 4080 mL
K+: 1,1mEq/Kg
Na+: 2,2 mEq/Kg
Glicose: 250g
Calorias: 850Cal




Arritmias


Arritmias


ð Arritmia: qualquer alteração na frequência, ritmo, origem do estímulo e condução cardíaca.
ð Diante de uma taquicardia, sempre pergunte:
o   QRS é estreito ou largo?
o   RR é regular ou irregular?
o   Há onda P relacionada ao QRS?
o   Qual a frequência cardíaca?
ð Causas de arritmias: hipóxia, isquemia, estímulo simpático, drogas, eletrólitos, bradicardia, estiramento das câmeras (HIS DEBS);
ð Queixas: dor torácica, dispneia, confusão, síncope ou tontura
ð Anamnese:
o   Doenças prévias: arritmia, doença coronariana, hipertensão, valvopatia, revascularização prévia, IC, aneurisma, doença congênita, hipertensão pulmonar, DPOC, embolia pulmonar, doença tireoidiana, doenças vascular periférica, doenças neurológica, etc;
o   Medicações: antiarrítmicos, vasoconstritores, anti-hipertensivos, quimioterápicos, anti-anginosos, antidepressivos, etc
o   Drogas ilícitas: cocaína e derivados
ð Exame físico: PA (nos dois membros e em ortostase e deitado), pulsos (simetria, amplitude e regularidade), FC, consciência e perfusão periférica, ausculta cardíaca e pulmonar, dentre outros (palpação da tireoide, procurar locais de picada de agulha, etc);
ð Sinais de instabilidade (atribuíveis à arritmia)
o   Choque, hipotensão, má perfusão periférica
o   Alteração do nível de consciência (ainda que transitória, como síncope)
o   Dor precordial (angina)
o   Dispneia (insuficiência cardíaca ou congestão pulmonar)
ð Se sinais de instabilidade (1º tratamento do doente e depois a identificação da arritmia) è sala de emergência + MOV + Coleta de exames + cardioversão elétrica imediata ou colocar pás do marca-passo transcutâneo
ð Exames complementares: hemograma, eletrólitos, função renal, marcadores de necrose miocárdica, ECG, etc
ð Diagnóstico diferencial
o   Situações clinicas que cursam com taquiarritmia:embolia pulmonar, hemorragia digestiva, hipovolemia, feocromocitoma, hipertireoidismo, síndrome do pânico, uso de drogas ilícitas, sepse, hipoxemia, etc (a causa de base que deve ser revertida)

o   Situações clínicas que cursam com bradarritmias


Tipos de Arritmias

ð Arritmias supraventriculares
o   Taquicardia sinusal (FC > 100bpm)
§  QRS: estrito
§  RR: regular
§  Onda P: presente (P pode ficar muito próximo da T)
§  Situações: TEP, hipertireoidismo, sepse, ...


o   Bradicardia sinusal (FC < 50bpm)
§  QRS: estreito
§  RR: regular
§  Onda P: presente
§  Situações: hipotireoidismo, doença do nó sinusal, etc

o   Escape supraventricular
§  Ocorre um pausa, após um ritmo cardíaco normal, e qualquer outra região do coração reassume o ritmo, pode ser que o próprio nó sinusal recupere (escape sinusal) ou qualquer outro foco. Trata-se de um batimento atrasado (contrário da extrassístole).
§  Situações:


o   Ritmo juncional
§  Ritmo que surge na junção AV, despolariza os átrios de baixo para cima e rapidamente despolariza os ventrículos. Assim, temos SAP entre -60 e-120º (de baixo para cima em D2, D2 e aVF) e QRS precoce;
§  Situações:

o   Extrassístole atrial
§  Trata-se de um batimento antecipado, temos QRS estreito, onda P. (lembre-se que BA extrassístole ventricular não há onda P e o QRS é largo)
§  Situações:


o   Extrassístole supra ventricular com aberrância
§  A arritmia é supraventricular, e quando estímulo desce para os ventrículos, encontra um dos ramos não apto para despolarizar, causando aberrância de condução. Neste casos, termos uma taquicardia supraventricular com QRS largo;
§  Em geral há onda P precedente;
§  V1 com aspecto de BRD;
§  Em geral é trifásico;
§  Situações:

o   Ritmo atrial ectópico

§  Trata-se de um ritmo atrial que não o sinusal (ritmo sinusal: olha D2, onda P positiva seguida de QRS e T)
§  Situações: comum em jovens e mulheres, sistema vagal exacerbado
§  Situações:

o   Taquicardia paroxística supra ventricular (TRN e TAV)
§  Taquicardia reentrada nodal (TRN): 2 vias (α e β) no NAV (dupla via nodal, comum em 20% da população). A via β é mais rápida (com PRR mais longo) e via α é mais lenta (com PRR mais curto). Irá ocorre TRN na presença de uma extrassístole.
·       QRS estreito (supraventricular)
·       RR regular
·       Sem onda P (pode aparecer P’, ou pseudo S). O impulso atrial é quase se junto com o QRS (pela reentrada, que na descida manda o impulso para os ventrículos e na subida para os átrios);
·       QRS è T è QRS è T ...
·       Situações:

§  Taquicardia atrioventricular (TAV)
·       Ocorre quando há outra via para comunicação entre átrios e ventrículos que não o NAV (via anômala), que não promove o retardo fisiológico do impulso elétrico AV (ocorre uma onda delta e PR curto);
·       Comum nos pacientes com WPW (pré-exitação ventricular) que desenvolvem uma reentrada pela via anômala;
·       QRS estreito;
·       RR regular;
·       Infra ST;
·       P’ retrógada pode estar presente;
·       Situações:


o   Flutter atrial: macrorreentrada dentro do átrio, fazendo com que o átrio bata a 300/min (ondas F). Mas o NAV não deixa passar 300bpm (bloqueio fisiológico, que pode 2:1 ou 3:1, assim a frequência ventricular pode ser 150 ou 100bpm). No ACLS: no PS, paciente com pulso (QRS) for de 150bpm (mantido) temos um flutter atrial;
§  Ondas em dente de serra (em geral o flutter é 2:1 ou 3:1). O onda serrilhada deve estar presente em D2, D3 e aVF;
§  QRS estreito;
§  RR regular (mas pode ser irregular);
§  Sem ondas P (há a onda de flutter, F, antes do QRS);

o   Fibrilação atrial: inúmeros circuitos de reentrada è atividade atrial caótica (frequência entre 400 e 500 bpm);
§  QRS estrito e irregular;
§  RR irregular (o NAV é bombardeado por frequências tão altas que nos estímulos não passam de maneira regular);
§  Sem ondas P (ondas f ou ondas de fibrilação, com comportamento variado);
§  Linha de base tremida;
§  Situações:


ð Arritmias ventriculares
o   Extrassístoles ventriculares
§  QRS largo
§  Sem onda P
§  Onda T invertida em relação ao QRS
§  Em geral bifásico
§  Podem ser monomórficas, polimórficas, bigeminadas (um batimento norma e uma extrassístole), trigeminadas (um batimento normal e duas extrassístoles), em salvas (3 extrassístoles), não sustentadas (4 ou mais juntas, TVNS) ou sustentadas (extrassístoles com duração maior que 30 segundos ou sintomáticas, TVS);


o   Taquicardia ventricular (TV)
§  QRS largo;
§  RR regular;
§  Sem onda P (há QRS e T);
§  A atividade não é caótica;


o   Torsades de Pointes
§  QRS tem sua amplitude aumentada em diminuída em relação à linha de base


o   Fibrilação ventricular: despolarização caóticas dos ventrículos, não gerando contração ventricular. Pode ser grosseira ou fina.
§  Não se identifica QRS;
§  Frequência muito elevada e caótica;
§  Ritmo desorganizado, não se identificando ondas P, complexo QRS, segmento ST ou onda T.



o   Assistolia: representa ausência completa de atividade elétrica cardíaca (deve ser realizado o protocolo da linha reta para a sua confirmação: aumento do ganho, chegar eletrodos e mudança de derivação)


Obs.: 1) 80% das taquicardias com QRS largo, RR regular e sem ondas P são TV. 2) Pacientes com antecedente de ICC tem VPP 96% de ser TV. 3) Paciente com antecedente de IAM prévio tem VPP 98% de ser TV. 4) Se ainda assim não for possível diferenciar entre TV e taquisupra com aberrância, devemos usar os critérios de Brugada.

Critérios de Brugada


ð Bradiarritmias
§  BAV 1º grau: todos os impulsos atriais passam para os ventrículos, ocorre apenas um alentecimento
·       PRi > 0,20s


§  BAV 2º grau: Nem todos os estímulos atriais passam ara os ventrículos, ou seja, alguns são bloqueados, pode ser de dois tipos
·       Mobitz 1: PRi vai aumentando até ocorrer um bloqueio


·       Mobitz 2: PRi é fixo com bloqueio de alguns estímulos atriais


§  BAV 3º grau: nenhum estímulo atrial passa para os ventrículos, ocorrendo dissociação AV


Taquicardias instáveis

ð Cardioversão elétrica (choque sincronizado)
o   Sedação adequada
o   Gel nas pás
o   Sincronizar (verificar a cada choque)
o   Pá esternum à direita (sob a clavícula direita) e pá Apex à esquerda (linha axilar anterior esquerda)
o   Energia inicial: 100J (TPSV e flutter, pode-se iniciar com 50J e na FA e TV polimórfica pode iniciar com 200J)
o   Em caso de insucesso, novos choques escalonados de energia podem ser usados (200-300-360J)
o   “Pressão” de 13Kg sobre o paciente (“peso” do tronco)
o   Avisar em voz alta a iminência do choque
o   Apertar os botões das pás ao mesmo tempo e só soltar após o ser aplicado o choque
ð Medidas rápidas até o cardioversor estar pronto:
o   Manobra vagal
o   adenosina para as TVS
ð Sedação (sedação adequada, perda do reflexo ciliar)
o   Propofol: 30 a 50 mg IV em bolus;
o   Etomidato:
§  Premedicar com fentanil: 2 mL (100µg)
§  20mg IV em bolus
o   Midazolam: 3-5 mg (amp.: 3mL com 5mg/mL), pode repetir até sedação adequada

Fibrilação atrial/Flutter atrial

ð Controle da frequência cardíaca (casos que não serão revertidos)
o   Betabloqueador OU
o   Bloqueador do canal de cálcio OU
o   Digoxina OU
o   BB ou BBC + digoxina OU
o   Ablação do NAV + MP definitivo (sem controle com duas ou mais drogas)
o   No PS pode ser usada a amiodarona (em doses baixas) IV quando o BCC ou BB são contraindicados ou não tiverem sucesso (não há mais o cedilanide);
ð Prevenção de tromboembolismo
o   Alto risco: fenômeno tromboembólico prévio ou estenose mitral reumática
§   Anticoagulante oral
o   Moderado risco: idoso (> 75 anos) ou HAS/DM/IC
§  Dois ou fatores de risco moderado = anticoagulação oral (usar bom senso)
§  1 fator de risco moderado =  AAS
o   Baixo risco (fibrilação ou flutter isolado): < 60 anos,  ausência de doença cardíaca, ausência de fatores de risco para fenômenos tromboembólicos
§  AAS: 81-325mg 1x/dia (também nos contraindicados ao ACO)
ð Cardioversão
o   Anticoagular por 4 semanas e internar para reversão da arritmia OU
o   Fazer ecocardiograma transesofágico, se não apresentam trombos, anticoagular com trexane e reverter.
o   Cardioversão química: propafenona, ibutaliad, flecainida (classe I) ou amiodarona (classe IIa)
§  Propafenona (Pill in the Pocket)
o   Cardioversão elétrica: CVE (quando a química não deu certo, FA alta resposta com instabilidade, FA + WPW)
o   Manutenção do ritmo sinusal
§  Propafenona
§  Sotalol
§  Amiodarona