"Texto extraído do livro que estou escrevendo, radiografia de tórax para estudantes de medicina, em fase final de edição".
Estas e outras dicas práticas você podem encontrar no "Manual do Interno"
É
fundamental que você tenha em mente uma sequência para a análise de uma
radiografia, com isso, você não deixa passar nenhuma alteração (e acredite, se
você não estabelecer uma sequência pode deixar de observar detalhes
importantes).
Uma
sequência proposta seria:
ð
O
tipo de incidência
ð
A
técnica
o Centralização
o Expansibilidade
o Exposição
o Campos pulmonares visíveis
ð
Partes
moles
o Sombra do Esternocleidomastoideo
o Sombra acompanhante da clavícula
o Pregas axilares (posterior e
anterior)
o Sombra mamária e mamilar
ð
Ossos
o Costelas
o Coluna vertebral
o Escápulas
o Clavículas
o Esterno
ð
Traqueia
e brônquios
ð
Mediastino
ð
Hilos
ð
Silhueta
cardíaca
ð
Diafragma
ð
Pleura
ð
Parênquima
pulmonar
ð
Vascularização
pulmonar
ð
Linhas
e marcas
ð
Artefatos
As Incidências
ð
Posteroanterior
(PA);
ð
Anteroposterior
(AP);
ð
Perfil;
ð
Lordótica;
ð
Decúbito
lateral com raios horizontais;
ð
Oblíquas.
a)
Posteroanterior (PA)
O
sentido do feixe de raios-x, é de trás para frente, ou seja, da região
posterior do paciente para anterior (figura 01), com braços afastados em
inspiração profunda e em apneia.
Como
o coração é mais anterior, sua imagem não ficará muito aumentada.
Figura
01 – Adequado posicionamento do paciente na indigência PA.
Esta
é a incidência mais utilizada, pois:
ð
Há
menor ampliação do coração, pois este está mais próximo do filme. Lembre-se que
os raios são divergentes (figura 02);
ð
Penetração
dos raios pelos espaços intercostais posteriores, por serem mais
horizontalizados, permitindo maior visualização do parênquima pulmonar;
ð
Esta
incidência apresenta algumas limitações como áreas cegas: mediastinos, área
retrocardíaca, área adjacente à coluna vertebral (por isso utiliza-se o perfil
para completar estas informações).
Figura 02 – Divergência dos raios-x.
Observe que quando o objeto está próximo ao filme, a imagem produzida é menor
(1), enquanto que se o objeto estiver mais afastado do filme teremos imagens
maiores (2).
Repare na figura 03 uma
radiografia posteroanterior (PA).
Figura 03 - Radiografia PA
Técnica – Para Evitar Erros de Interpretação
Uma
radiografia com boa qualidade técnica não deve apresentar nem excesso, nem falta
de penetração do feixe de raios-x.
Como
podemos perceber nas figuras abaixo, tanto o excesso de exposição (figura 4a)
quanto a falta de exposição (figura 4b) prejudicam a análise da radiografia.
Figura 4a – Radiografia muito penetrada
(maior número de vértebras pode ser visualizado).
Figura 4b – Radiografia pouco penetrada
(praticamente não se visualiza as vértebras).
Figura 4c - Radiografia com penetração
adequada – idealmente devemos observar a sombra da coluna vertebral apenas nas
porções superiores (acima da sombra cardíaca).
A
distância da borda medial da clavícula em relação ao meio da coluna (processo
espinhoso) deve ser a mesma à direita e à esquerda, significando que a
radiografia não se encontra rodada (figura 5a) e não prejudicando a análise da
radiografia (figura 5b). Assim, a coluna deve estar no meio das clavículas, ou
seja, equidistantes do centro da coluna, permitindo que os dois hemitórax
tenham posição simétrica e as partes moles extratorácicas sejam visualizadas
com o mesmo contraste bilateralmente.
Figura 5a – Posicionamento adequado
(radiografia bem centrada) observe que a distância entre a borda medial das
clavículas (direita e esquerda) é a mesma em relação ao processo espinhoso,
significando que a radiografia não está girada.
Figura 5b – Radiografia girada.
c) Posição das escápulas
As
escápulas devem estar fora dos campos pulmonares (figura 6a). Se estiverem
dentre dos campos, pode se criada uma opacidade, levando a falsas
interpretações (figura 6b).
Figura 6a – Correto posicionamento das escápulas
(fora dos campos pulmonares).
Figura 6b –
Observe a presença das escápulas dentro dos campos pulmonares (alguns
estudantes menos atentos podem classificar está alteração como uma opacidade
homogênea nos campos pulmonares, podendo até mesmo querer tratar esta alteração
– “pneumonia da escápula” – não vamos cair neste erro).
d) Inspiração adequada
(Expansibilidade)
Uma
radiografia deve ser realizada em apneia inspiratória máxima, para melhor
visualização dos campos pulmonares e correta interpretação.
Para
verificarmos se a expansibilidade foi adequada, devemos contar os arcos costais
anteriores (que são os oblíquos na radiografia em PA), devendo estar o 6º ou 7º
arco costal mergulhando no diafragma (figura 7a). Ou então contaremos os arcos
costais posteriores (que mais horizontais na radiografia em PA), sendo que 9 ou
10 devem estar presentes (figura 7b).
Figura 7a – Arcos costais anteriores (de 6 a 7 arcos).
Figura 7b – Arcos costais posteriores (de 9
a 11 arcos).
e) Campos Pulmonares
Todos
os campos pulmonares, principalmente os seios costofrênicos (figura 8a), devem
estar presentes no filme radiográfico (figura 8b).
Como
veremos adiante, os seios costofrênicos fornecem grandes informações sobre
alterações pulmonares, de tal forma que, quando estes estiverem “cortados” em
uma radiografia (figura 8c), a mesma deve ser prontamente repetida.
Figura 8a – Seios costofrênicos.
Figura 8b – Observe que todos os campos pulmonares (em amarelo) estão
presentes, assim como os seios costofrênicos (em vermelho).
Figura 8c – Repare que os seios
costofrênicos estão apenas parcialmente visíveis.
Continua ...
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